Acredito que ao debater qualquer assunto alguns valores devem ser garantidos, sem os quais os resultados serão necessariamente emocionais, facciosos e incompetentes. Entre eles, a competência, a qualificação e a honestidade de princípios.

É o que me parece esteja faltando nesta recente discussão a respeito da “crise” de setor areeiro no Vale do Paraíba.

Atuante há mais de 30 anos, buscando soluções que compatibilizem a atividade econômica da extração de areia com a valorização (e não apenas preservação) ambiental na região, muitos conhecem as minhas posições. Aos outros, vale apena expô-las.

Quando me refiro à “soluções para a região”significa que estas soluções existem, e muitas, pelo mundo. Apenas não são aplicadas no Vale do Paraíba porque o assunto sempre foi tratado de modo equivocado e truculento.

Entendo que o Ambiente Natural e a Biodiversidade sejam sagrados. Não por aspectos religiosos, filosóficos ou morais. Mas, como pesquisador e cientista,sei e a ciência nos garante isto, que são estas condições que sustentarão a vida biológica do Planeta. Nosso Planeta precisa manter-se azul e não tornar-se vermelho (como Marte). As imagens dos satélites, as alterações climáticas e as catástrofes recentes já demonstram as transformações.

Este Ambiente Natural, entretanto, é, pode e deve ser alterado. sempre com a perspectiva de melhorar a sustentabilidade e a biodiversidade do Planeta e principalmente melhorar a qualidade de vida da sociedade humana.

Para que isto ocorra é fundamental que a Sociedade se organize em atividades econômicas produtivas e rentáveis e o Estado atue como moderador dos interesses diversos e às vezes conflitantes

Assim, Economia, Estado e Sociedade, devem e tem por obrigação atuar harmonicamente para garantir e permanentemente melhorar a condição de vida no Planeta.

Assim, também a atividade econômica não existe por si só. Ela é um instrumento da melhoria da condição de vida e do avanço civilizatório. O Estado como agente moderador de interesses diversos e difusos não pode ser, cúmplice, refém ou instrumento de setores específicos tanto da Economia como de Grupos ou Movimentos Sociais. E a Sociedade enfim… nasceu para ser feliz não para morrer de fome.

No mundo atual, e isto é uma exigência da Sociedade Mundial, a empresa ou atividade econômica tem uma responsabilidade social que deve ser exigida e exercida sem o que não pode e não deve ser considerada idônea e responsável.

O Setor Minerário tem cumprido esta sua função sócioambiental? Talvez. Para não emitirmos pareceres e opiniões infundadas precisamos investigar.

Sabemos que grandes mineradoras, siderúrgicas e indústrias de celulose, como a Vale, a Petrobras, Volta Redonda e Aracruz, por exemplo, investem pesado e desenvolvem eficientes Políticas Socioambientais. O Setor Minerário de argila, areia e brita têm a mesma eficiência na implementação de Políticas correspondentes?

Sim? Não? Quem sabe não possa estar aí o começo da Solução!

Isto posto terá sentido a extração mineraria de argila, areia e brita, como toda outra atividade econômica, na medida em que ela deixar como rastro um saldo positivo de recuperação e ganho de sustentabilidade ambiental e biodiversidade.

É senso comum até mesmo entre ambientalistas que “… a atividade mineraria é por si só degradadora do meio ambiente e por isso devemos conviver/combater tais atividades”. Não entendo correta tal afirmação!

Conforme os princípios acima assumidos, a atividade mineraria altera necessariamente o ambiente original o que não significa necessariamente degradá-lo. Poderá/deverá alterá-lo melhorando a sua sustentabilidade e biodiversidade. Este é o grande desafio coletivo

Precisamos, devemos fazer, como é feito em qualquer análise técnica competente, a análise criteriosa e metódica do setor minerário na Bacia do Rio Paraíba do Sul.

Sabemos como ponto de partida do estudo que a Bacia do Rio Paraíba é definida na Constituição do Brasil como uma Bacia de grande importância  estratégica e ambiental e como tal não pode ser explorada sem criterioso planejamento

Inúmeras Instituições Estaduais e Federais, capitaneadas pela ANA, CEEIVAP, DAEE e CETESB, entre outras, desenvolvem, historicamente estudos sobre a Bacia.

Eu mesmo conheço dezenas de estudos a respeito. As empresas mineradoras e/ou o Sindiareia e outros Sindicatos, com o DNPM, terão sem dúvida dados quantitativos importantes referentes a  economia do setor.

Se trouxermos estas Instituições para participar das discussões poderemos conseguir um alto grau de confiabilidade dos resultados , que hoje não existe.

Arquiteto Adalton Paes Manso