Fabio Olivieri de Nobile
Doutor em Agronomia – UNESP, Jaboticabal. Docente do Centro Universitário de Araraquara – UNIARA e do Centro Universitário da Fundação Educacional de Barretos – UNIFEB
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RESUMO: A utilização agronômica de resíduos pressupõe um número bem diverso de aplicações, entre os quais se podem lembrar as utilizações em: alimentação animal, substrato para fermentações, fabricação de fertilizantes orgânicos ou organominerais, cobertura de pisos (“camas”) em diferentes criações e sucedâneos de matéria- prima para as agroindústrias ou atividades semelhantes. Entretanto, o objetivo desta apresentação é restrito aos aspectos do uso de resíduos no solo, compreendendo os aspectos relacionados à caracterização desses resíduos, os benefícios ou inconvenientes da aplicação ao solo e os parâmetros que devem ser observados quando se pretende dar este destino aos resíduos. Desta maneira, o assunto a ser tratado pode ser dividido em dois aspectos fundamentais: os resíduos e os solos. No tocante aos resíduos, os principais fatores que afetam sua aplicação ao solo são: composição química, características físicas, aspectos sanitários, quantidade gerada e regime de liberação. Já em relação ao solo, deve-se considerar prioritariamente todas aquelas características responsáveis pela capacidade do solo em desativar e estabilizar os resíduos por meio de mecanismos físicos, químicos e biológicos. É dentro deste quadro geral que se pretende abordar alguns aspectos específicos e considerados mais importantes para a utilização dos resíduos no solo.
CARACTERIZAÇÃO DOS RESÍDUOS
De acordo com GLÓRIA (2004), a caracterização adequada dos resíduos é básica para definir o seu uso no solo e o conhecimento da origem do resíduo, compreende:
– Matéria-prima utilizada e suas características
– (Quantidade, tipo, origem).
– Produtos acrescentados ao processo (tipo, quantidade, etapa).
– Regime de produção (contínuo, intermitente, sazonal).
– Tipo(s), quantidade(s) e regime de vazão do(s) resíduos.
– Aspectos do(s) resíduo(s) (estado físico, temperatura).
– Pré -tratamentos.
Esta etapa permite estimar a variabilidade da composição do resíduo, facilita a caracterização química e já permite iniciar o direcionamento do estudo das possibilidades de uso do solo e, por sua vez, é fundamental para que se estabeleça o chamado Plano de Amostragem do(s) Resíduo(s), etapa básica para uma adequada avaliação da composição química.
O Plano de Amostragem deve considerar (GLÓRIA, 2004):
– Resíduos a serem amostrados
– Locais de amostragens
– Frequências, volume, número e tipo das amostras
– Tipo de amostradores
– Método de preservação e estocagem.
Algumas dessas etapas já podem ser conduzidas de acordo com a Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT) e especificamente devem ser consultadas a NBR 9897/87, que trata do planejamento de amostragens de efluentes líquidos, a NBR 9898/87, que normatiza técnicas de amostragem e preservação de amostras de resíduos, e a NBR 1007/87, sobre locais de amostragens, tipo de amostradores, condições e tempo de estocagem das amostras.
É bastante comum a inexistência destas etapas nos estudos agronômicos sobre utilização de resíduos, o que torna os dados a respeito de sua composição química incompletos devido a não permitir uma visão mais completa do processo de geração e das possibilidades de variação nas características químicas.
A avaliação química de um resíduo pode e deve ser conduzida em função das características prévias já levantadas e isto facilita, e muitas vezes reduz, o tipo e número
de análises químicas a realizar.
A NBR 9897 apresenta algumas recomendações de parâmetros mínimos para controle de efluentes líquidos, mas no geral pode-se considerar os seguintes parâmetros:
– Umidade
– Matéria orgânica
– pH
– Acidez ou alcalinidade
– Macronutrientes primários e secundários
– Micronutrientes
– Metais pesados além daqueles considerados micronutrientes (Pb,Cr, Hg, As, Cd)
– Sódio
– Condutividade
– Coliformes fecais
– Qualquer substância tóxica que se suspeite estar presente em função do processo de geração.
Deve-se considerar que o conhecimento adequado do processo de geração do resíduo permite excluir determinadas análises, visto não haver possibilidade de introdução do elemento ou substâncias no processo e indica o potencial de nocividade de um resíduo pela presença de substâncias tóxicas.
É também o conhecimento do processo de geração que irá indicar a necessidade ou não de caracterizar a presença de determinadas formas de um elemento. Isto ocorre particularmente no caso do nitrogênio, fósforo, enxofre e substâncias orgânicas, pois
em processos de fabricação há transformações, criando às vezes uma nocividade potencial do resíduo a partir de uma situação original, não preocupante.
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