Estudantes do oitavo e nono ano e do ensino médio conquistam prêmios e colocam o Brasil entre os cinco países mais premiados do mundo na edição deste ano do Intel ISEF; Sete projetos também foram reconhecidos pela OEA como os melhores das Américas

intel

A delegação que representou o Brasil apresentou 18 projetos desenvolvidos individualmente ou em equipes. Os estudantes brasileiros premiados são oriundos dos estados de Mato Grosso do Sul, Paraná, Rio Grande do Sul, Rondônia e São Paulo. (Foto: Divulgação)

O Brasil foi o quinto país mais premiado na última edição da Intel ISEF (International Science and Engineering Fair), ficando atrás somente dos Estados Unidos, Canadá, Taiwan e Alemanha. No total, os brasileiros conquistaram 12 prêmios nas duas cerimônias de premiação: a “Special Awards Ceremony” e a “Grand Awards Ceremony”. Um deles se destacou na categoria Biomedical Engineering, ficando com o primeiro lugar. “Ganhar prêmios em feiras internacionais é muito difícil. Só cerca de 20% dos alunos que participam ganham. E esse resultado foi excelente”, comemora Roseli de Deus Lopes, coordenadora da Feira Brasileira de Ciências e Engenharia (Febrace) e secretária regional da SBPC, em São Paulo.

O evento, realizado entre 8 e 13 de maio, na cidade de Phoenix, no estado do Arizona, nos Estados Unidos, reuniu 1.700 estudantes de 77 países, do oitavo ano do ensino fundamental até o terceiro ano do ensino médio ou técnico. O Brasil foi representado por 30 estudantes de escolas públicas e privadas.

“Estar entre os cinco primeiros países significa que, se apostarmos nos nossos professores e alunos, conseguimos ter bons resultados em qualquer área do conhecimento. Prêmios como os da Intel ISEF são importantes porque mostra que se a gente sabe provocar o nosso aluno, a resposta sempre é positiva. É um investimento que não tem como dar errado”, afirma Lopes.

A delegação que representou o Brasil apresentou 18 projetos desenvolvidos individualmente ou em equipes. Os estudantes brasileiros premiados são oriundos dos estados de Mato Grosso do Sul, Paraná, Rio Grande do Sul, Rondônia e São Paulo.

Doze estudantes também tiveram seus projetos científicos reconhecidos entre os melhores das Américas pelo Departamento de Desenvolvimento Humano, Educação e Emprego, da Organização dos Estados Americanos (OEA), e ficaram classificados entre os 50 melhores.

Lopes, que é doutora em engenharia elétrica e livre docente da Escola Politécnica da Universidade de São Paulo, afirma que o resultado deste ano foi extraordinário. “São mais de 70 países participando, com delegações super preparadas”, afirma, ao citar que metade dos alunos participantes são norteamericanos. “A Intel ISEF é uma feira estadunidense que foi se internacionalizando e que a cada ano convida mais países”, conta.

Ela observa que os estudantes classificados entre os quatro primeiros na Intel ISEF, oriundos dos Estados Unidos, Canadá, Taiwan e Alemanha, já participaram de outras edições da feira de ciências. “Eles já vêm de uma sequência de trabalhos. Ou seja, já desenvolveram diversos projetos. E aqui no Brasil, para muitos dos nossos alunos selecionados, esta foi a oportunidade de realizar um projeto científico e tecnológico. Por isso, o resultado foi muito bom”, ressalta.

Treze estudantes, com nove projetos, foram selecionados na 14ª Febrace, realizada em março passado pela Escola Politécnica da USP, em São Paulo. E dezessete, com nove projetos, foram selecionados na Mostratec, realizada em Novo Hamburgo, Rio Grande do Sul, pela Fundação Liberato. Os estudantes foram julgados por sua capacidade criativa e pensamento científico, rigor, competência e clareza mostrada em seus projetos. “Essas iniciativas contribuem para induzir a cultura da pesquisa científica e tecnológica nas escolas”, afirma Lopes.

A coordenadora da Febrace, que acompanhou os alunos durante a viagem aos EUA, afirma que a importância da participação na feira internacional vai além da premiação: “A participação em feiras como a Intel ISEF serve para mostrar o que os alunos do nosso país estão produzindo”, afirma.

Para prepará-los, Lopes disse que, dois dias antes de embarcar para os Estados Unidos, os alunos foram sabatinados por um grupo de professores/pesquisadores em inglês, para treinarem a conversação. “A escola investe muito na gramática e não na conversação”, explicou.

“O resultado da feira internacional mostra que começamos a ter cada vez mais premiados de escolas públicas convencionais, de diferentes regiões do Brasil.” Segundo ela, representar diversas escolas e estados é um dos objetivos principais da Febrace: “Queremos induzir esse tipo de experiência no Brasil inteiro”, afirma.

Febrace

Lopes comenta que a Febrace, desde sua criação em 2003, vem cumprindo seu papel de despertar o interesse de jovens estudantes pelas áreas de ciências.

Os projetos apresentados são avaliados por profissionais das áreas correlatas, professores universitários e pesquisadores (mestres e doutores). A Feira também concede prêmios para os professores que se destacam na orientação dos alunos.

A coordenadora da Febrace ressalta a importância das escolas para despertar a vocação para as diversas áreas de ciências. “E todos têm talentos, basta desenvolvê-los”.

Intel ISEF

A Intel ISEF, considerada a maior feira internacional de ciências e engenharia do mundo, faz parte de um programa da Society for Science & the Public e da Intel Foundation (http://www.societyforscience.org/). É realizada desde 1950 e já revelou milhares de talentos em ciências e engenharia, e seus projetos inovadores para todo o mundo. Desde 1996, a feira conta com o patrocínio da Intel.

Nesta edição, a organização do evento contou com uma ampla estrutura que envolveu voluntários, intérpretes e avaliadores. Fazem parte do seleto corpo de avaliadores cientistas de renome internacional, todos com doutorado ou equivalente, ganhadores de prêmios relevantes, inclusive do prêmio Nobel.

É uma competição baseada na qualidade de projetos e pesquisas desenvolvidos por estudantes que ainda não chegaram ao ensino superior e que competem por mais de quatro milhões de dólares em prêmios. O principal objetivo é apresentar as inovações de jovens criativos do mundo todo, além de gerar a oportunidades para que esses talentos sejam reconhecidos internacionalmente.

Veja aqui a lista a relação dos estudantes brasileiros vencedores.

Vivian Costa/Jornal da Ciência